Na CBN, Maílson defende controle de gastos para evitar crise e prevê novos aumentos da Selic
Com a experiência de quem já foi ministro da Fazenda numa época difícil para o país, durante o governo de José Sarney, o economista Mailson da Nóbrega defendeu, nesta sexta-feira (20), em entrevista à Rádio CBN João Pessoa, o controle de gastos públicos como forma de promover a economia. Ele criticou o excesso de despesas em andamento na atual gestão do Governo Federal.
Nas palavras do paraibano, a equipe econômica do Governo Lula III ‘surpreendeu positivamente” com Haddad (Economia) e Simone Tebet (Planejamento), mas encontra empecilhos na postura do presidente Lula (PT), que na visão dele não dá sinais de que pretende implementar mudanças na estrutura da gestão federal. Ele citou como exemplos uma nova reforma da Previdência e uma reforma Administrativa, além da desindexação de gastos.
Por mais que o ministro Haddad e a ministra Tebet tenham sugerido que é hora de discutir temas como a desvinculação de impostos à saúde, à educação e à Previdência, e de implementar uma reforma administrativa que elimine os privilégios, que são muitos no funcionalismo federal, particularmente no Judiciário, não há ambiente político para isso e o governo não faz nenhum esforço para convencer a sociedade de que o excesso de gastos nos levará uma grande crise, disse.
Na visão de Mailson, Lula “piorou a situação fiscal do país” antes mesmo do início do Governo, com a aprovação da PEC da Transição de mais de R$ 200 bilhões.
O Lula afirma todo dia que não vai ter reforma, não vai deixar de gastar naquilo ou nisso. Ele tem uma ideia equivocada de que o que promove a economia do país é o gasto público, como dizia Dilma, que gasto é vida, e na verdade o que gera a riqueza é o aumento da produtividade, produzir mais com os mesmos recursos, e não gastando mais dinheiro público, disse.
Ainda na entrevista aos jornalistas Felipe Nunes e Caio Ismael, Maílson afirmou que o principal problema do país são os gastos obrigatórios. “A minha impressão, pelo andar da carruagem, é que em algum momento isso vai nos levar a uma grande crise, a exemplo dos gastos previdenciários, que vão continuar invadindo o orçamento das despesas discricionárias. Isso significa que em algum momento, no futuro, o Brasil terá um encontro com essa realidade”, ponderou.
Taxa Selic
O embate entre o presidente Lula e as decisões do Banco Central sobre a taxa de juros também foram analisadas por Mailson. O economista defendeu a decisão mais recente do Bacen, que elevou a taxa Selic em 0,25%, o que para ele foi uma decisão baseada na realidade econômica do país.
Ele projetou mais aumentos dos juros para os próximos meses e estimou que a taxa deve chegar a 12% em janeiro de 2025. Na avaliação dele, além das pressões inflacionárias, “O mercado não acredita que o Governo vai cumprir a meta. E as expectativas não estão ancoradas”, pontuou.
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